segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Há uma teoria que diz: o homem é o produto do meio. Em outras palavras,seria dizer que o ser humano é influenciado pelo meio no qual vive. Ainda hoje existem opiniões e teorias diversas a cerca desse tema. Tem quem ache que essa dicussão é algo novo ,mas se prestarmos atenção,perceberemos que há muito tempo alguns filósofos já pensavam sobre isso.
Marx , por exemplo, dizia que as condições materiais da vida eram decisivs para a história. Nesse sentido, ele dizia que não eram os pressupostos espirituais numa sociedade que levavam a modificações espirituais, mas sim o contrário: as condições materiais determinavam também as epirituais.
Desde o momento em que o homem entra em contato com o mundo, há uma força coercitiva por parte da sociedade que irá influenciar as atitudes de seus habitantes.
Se a pessoa sobrevive em um meio onde há escassez de alimentos, falta de saneamento básico e uma baixa condição financeira, sem dúvidas, podemos concluir que suas ações serão limitadas por conta de tais fatores.
Há quem rebata, dizendo que cada um possui seus valores e que eles de forma alguma serão modificados. Será mesmo? Os existencialistas dizem que durante a existência, à medida que experimenta-se novas vivências, redefine-se o próprio pensamento adquirindo novos conhecimentos a respeito da própria essência.
Por mais que o ser humano tenha sua essência e valores , não podemos descartar a possibilidade de que o meio possa influenciar em tais princípios. Mesmo que em parte, mas terá influência sim.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Estou de férias. Isso acaba trazendo uma mudança considerável no meu horário biológico, deito-me mais tarde, acordo mais tarde ainda. Não que eu force esta mudança, isso acontece naturalmente a partir do momento que minhas aulas acabam. É tarde da noite, a chuva cai lá fora sobre o telhado e o silêncio é meu único companheiro. Ah, o silêncio, como é bom estarmos em paz! Quando estamos de férias a coisa que mais desejamos é ficar isentos de obrigações, e afazeres, mas vez enquando eu sinto uma necessidade de organizar as coisas. Jogar papéis fora, organizar meus cds, ajeitar o álbúm de fotos, e por aí vai. Não sei de onde vem essa vontade de estar sempre fazendo algo, talvez eu queira um dia vazio cheio de coisas a fazer. No final do dia sinto-me cansada e me deito. Fico ouvindo os barulhos da cidade, ou somente o seu silêncio. Achamos sempre que o silêncio não há nada para nos dizer, simplesmente por ser o silêncio. Mas suas mensagens sempre têm o que nos dizer, basta saber escutá-lo da maneira certa. O que precisamos mesmo é aprender a escutar. Mesmo que não saibamos de onde vem todos esses sons.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

moon

Eu vivia triste e amargurada pelos cantos da casa. Não sentia vontade alguma de viver. E dentro de mim parecia existir uma solidão sem fim. Mas, tudo mudou a partir daquele dia em que pude ver seu rosto esculpido na lua. Pairava sobre ele uma sombra de tristeza.Surgiu como um raio de luz que veio para iluminar minha vida.
Aquele semblante me despertou um interesse fora do comum, e algo me impulsionava para que eu fosse ao seu encontro. Queria ajudá-lo e saber o motivo de sua tristeza. Só eu sei o quanto me doía ver aqueles olhos que pareciam sangrar por dentro. Desesperei tantas vezes porque também sentia seu desespero.
Corri quilômetros, nadei pelos mares, atravessei desertos somente para ir ao encontro dele. Procurei nos mais diversos lugares, mas minha busca foi frustrada. O dia já estava amanhecendo, e a lua já havia ido embora. Acabei adormecendo em um parque, e acordei com seus lábios a tocarem minha boca. Acordei meio assustada, mas ao vê-lo, atirei-me em seus braços e o abracei com toda a intensidade que pude.
Perguntei-lhe o que o afligia , e ele respondeu:
- Eu sofria porque eu te buscava e não a encontrava. Eu estava perdido mas me encontrei no teu amor e te encontrei quando fechei meus olhos e deixei que meu coração me guiasse. Então, te encontrei aqui deitada.
Como estava muito cansada, acabei adormecendo novamente, e ao acordar percebi que já era noite. Olhei para o céu e lá estava a lua, com o rosto esculpido nela. Só havia uma diferença: o semblante parecia feliz.

quinta-feira, 14 de maio de 2009


dança,macarena, risadas, fala, cala, kriptonita,música, roupas, cores, monstros, hippie, heróis, rainha, palhaços, enfermeira, piloto, falas, tropeço, faz, repete, ensaia, de novo, mais uma vez, movimento, deita,abraços, beijos. até a próxima!


conto de fadas? não, isso é o INCENART :)

domingo, 10 de maio de 2009


Faz tempo que não escrevo por aqui né? Na verdade, foi mais por falta de tempo e inspiração. Já faz um tempinho que tenho notado que meu eu poético anda de mal com a minha pessoa. Há uns dias me deu uma crise nostálgica, e remexi em algumas cartas antigas e cd velhos. Dei risadas, lembrei de bastante coisa. O papel mais insignificante torna-se algo com tanto valor depois de alguns anos... mas enfim! Termino esse pequeno post com um poema do Carlos Drummond de Andrade que retrata mais ou menos o que tenho sentido. Aí vai :


Gastei uma hora pensando um verso,

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não quer sair.

Mas a poesia deste momento

inunda minha vida inteira.

sábado, 24 de janeiro de 2009

É engraçado como em poucos meses a gente pode mudar tanto!
Como em tão pouco tempo podemos modificar nossa visão de mundo. Nada como uma bela experiência de vida para nos mostrar o que devemos acrescentar e mudar em nós mesmos. Muitas vezes me peguei pensando o porquê de tudo aquilo estar acontecendo comigo, justamente comigo.
Eu achava tão injusto, estava tudo tão bem, porque naquele momento?
Nada é por acaso, ou mera coincidência. Tem coisas na vida que é preciso viver.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

vai passar - de caio fernando abreu.

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ...


A personagem está sentada numa escrivaninha. A escrivaninha é muito velha, tem madeira lascada, riscada, manchada de muitas tintas. Falta a gaveta de cima. Pelo vão pode-se ver o que há no interior da segunda gaveta: uma garrafa de Pepsi-Cola vazia e um pedaço de sanduíche de queijo ou/e mortadela. Sobre o tampo, um maço de Hollywood pela metade e muito amassado, uma caixa de fósforos e um pires de cafezinho como cinzeiro. A personagem Lê um livro – de onde não consigo ler o título. A personagem usa tênis brancos (foram brancos), calças de brim azul, desbotado e sujo, um suéter amarelo de lã, esgarçado nos cotovelos. A personagem não olha em volta. Em volta, muitos moças & rapazes com pastas, falando alto (pode-se ouvir, nitidamente, a palavra “dialética”), supõe-se que sejam estudantes. Nas paredes vários cartazes. Num deles, pode-se ler claramente “Cultivar as Almas – ciclo de palestras filosóficas”. Em outro “Você na prévia”. E também: “Pela prática da Liberdade”. Por todos esse detalhes, se supõe que o cenário onde está sentada a personagem seja o diretório do centro acadêmico de alguma faculdade (mas de onde estou não consigo ver claramente). Há uma porta grande de vidro, semi aberta. Lá fora, às vezes chove, às vezes faz sol. Secas e molhadas, as pessoas que entram não param nem falam com a personagem. A personagem está vendendo alguma coisa. De onde estou não consigo ter certeza do que se trata. Mas parecem entradas, dessas para o teatro, cinema, música ou coisa assim. Ninguém pára. Todos falam entre si (pode-se ouvir, nitidamente, a expressão “contradição do sistema”), mas ninguém com a personagem. A personagem pára de ler e olha em volta para ver se está sendo observada. Lentamente. Depois introduz rápida o braço no vão da primeira gaveta (disfarçando com o livro) e, no fundo da segunda, apanha o resto do sanduíche (queijo? Mortadela?). Não vê que eu vejo. Então morde.